domingo, 7 de novembro de 2010

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Jiló Metálico Outubro de 2010

Jiló Cantando Metálico em dezembro 2009

VAI UM METÁLICO AÍ? Parte 3

Por: João Paulo Zaccariotto Ferreira

INTRODUÇÃO

Em matérias anteriores falamos bastante sobre o dia a dia de quem tenta fazer um pintassilgo metálico. Agora, vamos partir para uma matéria mais técnica. Juntei todos os CDs de metálico que tenho em casa e fui para um estúdio onde gravei diferentes corridas em um mesmo CD. Até montei algumas eletronicamente para ouvir como soariam quando comparadas com as corridas normais.

Essa matéria é basicamente a publicação de um estudo que fiz para descobrir semelhanças e diferenças entre corridas metálicas, e também é a primeira vez que foi medido e publicado qual o alcance, em hertz, da corrida metálica. O que é um grande passo para progredirmos no ensinamento de filhotes só através do CD. Vou falar sobre alguns detalhes a respeito de como uma gravação deve ser feita e, ao final, vou descrever qual o desempenho desejado para um torneio. Portanto, espero que com mais essa matéria, possamos acrescentar algo para entendermos melhor sobre esse canto tão apreciado por muitos, e sobre a técnica de ensinamento de filhotes.

Cada sonograma a seguir contém uma quantidade de notas que formam uma corrida.
Falando sobre freqüência (hertz), e melodia, duas das três corridas têm a melodia mais uniforme onde começam com notas mais baixas e gradativamente alcançam a nota mais alta, e retornam sem mudar bruscamente entre uma nota e outra, para uma nota mais baixa de novo. Uma delas (montada eletronicamente), tem todas as notas iguais, ou seja; a corrida se desenvolve com notas que atingem a mesma frequência o tempo todo. E outra muda bruscamente de uma nota alta para uma baixa demais. Enfim, quem já ouviu algumas corridas diferentes, consegue reconhecer uma corrida bem formada, mas ao mesmo tempo, o que soa melhor para mim pode não soar para você. Aí já é uma questão de gosto.
Aqui estão ilustradas algumas das corridas escolhidas para tentar explicar para você leitor, sem o auxilio do CD, as diferenças entre elas.


CORRIDA 1

Corrida original com 13 notas. Sem nenhuma montagem. Repare que cada nota tem 2 letras. A primeira é o que chamamos de “L” e a segunda de “I”. Percebe-se bem a suave melodia dela, porque além de ter somente “duas letras”, a mudança de freqüência de uma nota para a outra é pequena e gradativa.




CORRIDA 2

Corrida original com 9 notas. Sem nenhuma montagem. Também percebemos a suave mudança de frequência de uma nota para outra. Repare que da quinta nota até a oitava, há uma letra a mais do que qualquer outra nota aqui ilustrada, totalizando 3 letras por nota. Identificamos essas notas como “TRI”. Praticamente, a metade da corrida é desenvolvida com notas “TRI”, ao invés de “LI”. Se vocês pudessem ouvir, perceberiam que a melodia da corrida fica mais “batida”, ou “marcada”.




CORRIDA 3

Corrida original com 11 notas. Sem nenhuma montagem. Repare que cada nota tem 2 letras. Da quinta nota para frente, a ilustração dá a entender que possa haver uma terceira letra no meio das notas, só que não é o caso. Ao ouvir a corrida percebemos que essas notas soam mais como “LI” e não “TRI”. As primeiras notas atingem uma frequência bem mais alta do que as últimas. Da quinta nota para frente o pássaro abaixa bem a frequência, ocorrendo uma mudança brusca na melodia da corrida. Mas para quem acha que esta corrida não seja agradável de se ouvir se engana.




CORRIDA 4

Montada eletronicamente com 9 notas copiadas de uma nota só. Não há nenhuma variação de frequência de uma nota para a outra e, por incrível que pareça, soa muito bem.




CORRIDA 5

Montada eletronicamente com 9 notas diferentes, começando de notas baixas para a mais alta. Soa estranho porque parece ser interrompida quando pára na nota mais alta.


NOTA: As corridas 04 e 05 foram fabricadas somente para ilustrar possíveis diferenças de canto. A corrida metálica NÃO é um canto fabricado e reproduzido eletronicamente. É natural de algumas poucas regiões e grupos específicos de pintassilgos. Então o aprendizado através do CD se torna mais fácil por ser um canto que não foge as origens da espécie.


A RELAÇÃO FREQUÊNCIA E VOLUME

Através do aparelho chamado Analisador de Spector ou Analisador de Frequência, visualizamos quantos hertz cada corrida alcançou. Todas que foram analisadas atingiram uma frequência máxima acima de 20.000 hertz (estes aparelhos encontrados em estúdios só atingem uma leitura máxima de 20.000 hertz de freqüência, por nossa capacidade auditiva só atingir 20.000 hertz), tendo o seu pico de volume (altura da voz), entre aproximadamente 4.000 e 7.000 hertz. Esse pico de volume de voz dura a corrida toda, e está SEMPRE entre aproximadamente 4.000 e 7.000 hertz, sendo que algumas corridas oscilam de 4.000 a 4.500 Hz, outras de 6.000 a 6.500 Hz e assim por diante. Levei também o meu pintassilgo baianinho, o JILÓ, para o estúdio, e enquanto gravávamos a corrida dele ao vivo, medimos a frequência de suas notas que se igualou as frequências das corridas gravadas. Com o Decibelímetro, medimos a altura alcançada pela voz do JILÓ, que atingiu 80 decibéis. Como o estúdio tem um ambiente escuro, acredito que suas corridas alcancem maior volume em um ambiente aberto e com mais iluminação.

O que estou tentando provar aqui é que apesar de alcançar uma frequência acima de 20.000 hertz, a parte do metálico que ouvimos nitidamente é a que está entre 4.000 e 7.000 hertz, o resto é o harmônico. O que é o harmônico? Imagine um violão! Se pegarmos o dedo indicador e colocarmos em qualquer uma das cordas bem no centro de qualquer uma das “casas” e tocarmos aquela nota, o que vamos ouvir é aquela nota e só. Só que dentro daquele espaço que sobra dentro da “casa” daquela nota existe o campo harmônico. Se você colocar o dedo próximo ou em cima daquela barrinha de metal que separa uma nota da outra, você vai ouvir somente um agudo baixinho, que é o complemento ou o harmônico daquela nota.


MINHA TEORIA

Separamos uma corrida para fazer um teste. Onde ela se encontra no seu auge em decibéis (altura de voz), que é na região de 4.000 a 7.000 hertz, nós cortamos e ouvimos a partir dali. Agora a corrida estava em uma região de freqüência mais alta chegando a ultrapassar os 20.000 hertz. O som ficou bem baixinho, mas não deixamos de conseguir ouvir a corrida nenhum segundo. Esse som baixinho é o que chamamos de harmônico, ou região harmônica, que não tem importante influência no ensinamento. Afirmo isso porque, musicalmente falando, o harmônico é um complemento de uma nota musical. Como já disse, as notas musicais que nós e os pintassilgos ouvimos com nitidez são as que estão entre 4.000 e 7.000 hertz. O restante (que está fora desta frequência), é o harmônico ou complemento. Falo isso porque eu não seria capaz de ter feito pássaros como o PUDIM e o PALITO em um aparelho comum sem mestre, e depois o Claudio Medeiros ter aperfeiçoado os dois em outro aparelho comum com um CD diferente, sendo que os aparelhos que estão no mercado, alcançam no máximo 20.000 hertz.


A GRAVAÇÃO


Geralmente quando vamos fazer qualquer tipo de gravação em um estúdio, a aparelhagem está programada para gravar em aproximadamente 44.000 hertz (que é chamada de TAXA DE GRAVAÇÃO), para garantir uma melhor qualidade de som gravado. Sabemos que a frequência de som alcançada pelo metálico passa de 20.000 hertz, mas não sabemos o quanto alcança. Se ela não passa de 44.000 hertz, podemos dizer que uma gravação convencional de qualquer estúdio é eficiente porque, embora não ter grande influência para o ensinamento de filhotes, o complemento ou o harmônico do metálico vai ser gravado por completo, só por garantia. Só que a gravação do CD tem que ser feita o mais naturalmente possível. Não pode haver muita masterização, dedução ou adição de notas, e nem mudança na frequência das corridas gravadas. Isso tudo descaracteriza demais o canto.

Há também uma crença de que tem que haver uma compatibilidade da gravação em OHMS para o aparelho em que o CD vai ser tocado. OHMS é igual a WATTS. Ou seja: resistência ou potência que determinado aparelho suporta. Quanto menor os OHMS de uma aparelhagem, maior potência em watts as caixas vão aguentar. Então isso não tem nada a ver com um filhote ouvir ou não uma corrida metálica através de um CD, porque o que mais importa é a frequência que a aparelhagem alcança.


O MISTÉRIO DO TELEFONE

Nós que sempre criamos pintassilgo, nunca entendemos porque, ao falarmos por telefone fixo, celular para fixo, ou de celular para celular, não conseguimos escutar um pintassilgo cantando metálico do outro lado da linha. Em função disso, sempre imaginamos que seria possível que o metálico tivesse alguma frequência que não eramos capazes de ouvir (nosso sistema auditivo registra sons de 20 até 20.000 hertz). E realmente tem, só que não tem importante influência. Mas um dia liguei do meu computador através do Skype, para o celular da minha mãe que estava na minha casa, e enquanto falava com ela, consegui ouvir perfeitamente meu pintassilgo dando metálico. Meu palpite é que a maioria dos aparelhos de telefone fixo e celulares, não devem possuir uma aparelhagem de som que alcance nada próximo a 4.000 hertz, porque isso não é necessário para nós humanos ouvirmos a pessoa do outro lado da linha. O ruído baixinho da corrida que ouvimos através do telefone, é justamente o harmônico que está numa frequência abaixo dos 4.000 hertz. Parecido com o ruído que ouvi no estúdio quando cortamos a parte da corrida que estava entre 4.000 a 7.000 hertz. Já o meu computador e o celular da minha mãe, devem suportar uma frequência igual ou maior que 7.000 hertz. Por isso, naquele dia eu pude ouvir o metálico. Podemos dizer que o “mistério” do aparelho telefônico está esclarecido.


QUAL O DESEMPENHO DESEJADO PARA UM TORNEIO?

Após os dados citados nessa matéria, todos nós entendemos um pouco mais a respeito do canto metálico. Mas quem já ouviu bastante o canto, é claro que consegue assimilar melhor o que está escrito. E para acrescentar mais ao nosso conhecimento, gostaria de frisar que há um detalhe a ser observado na hora da apresentação do pássaro em um torneio. Dependendo do estado emocional em que se encontra, ele vai cantar mais baixo ou mais alto, mais lento ou mais rápido e etc... Por isso a importância de manter as gaiolas dos outros participantes cobertas, e o mais afastado da estaca possível, porque vai influenciar na apresentação do pássaro da vez. Sem entrar em detalhes, o ideal é que ele cante uma corrida longa, em uma velocidade moderada e em voz alta. E se ele mantiver o mesmo padrão de corrida durante toda sua apresentação, vai se destacar sobre os outros que variaram muito a quantidade de notas, a velocidade e a altura de suas corridas. Para isso acontecer na categoria metálico, é preciso criar um ambiente onde o pássaro se sinta a vontade para executar um alto nível de apresentação.

OBS: Espero que esse estudo venha contribuir para que nossa categoria demonstre seriedade e consiga conquistar o respeito de todos.

Colaboradores:
Cláudio José Medeiros
Edison Amorin de Castro
Mario Menegatti Júnior

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

VAI UM METÁLICO AÍ? Parte 2

Por: João Paulo Zaccariotto Ferreira

É com grande satisfação que voltamos a escrever sobre o canto metálico, e espero que essa matéria possa esclarecer mais algumas dúvidas de quem aprecia e de quem não conhece esse canto.

No final da matéria anterior prometi relatar problemas e soluções para firmar um filhote até seus 2 a 3 anos de idade onde ele se torna maduro quanto ao seu canto. Pois vamos trabalhar em cima desse assunto.

Uma coisa que aprendi com o tempo é que se você quer fazer e manter um pintassilgo metálico, não queira também ter uma criação relativamente grande de pintassilgos. Temos que ser específicos. Ou criação, ou metálico. Um bom metálico, já formado, também perde o canto se conviver com fêmeas, machos e filhotes em um mesmo ambiente. E manter um pintassilgo metálico requer tempo. Tempo para ouvir seu pássaro para ver se está mudando algo em seu canto. Tempo para pesquisar e trocar idéias com pessoas interessadas no assunto. Tempo para testar CDs diferentes e como seu pássaro reage para cada um. Enfim, fazer de tudo que for possível para adquirir mais informações para cada vez mais melhorar o canto de seu pássaro.

No inicio, eu sempre criei filhotes. Depois quis tentar fazer um metálico junto com a criação. É claro que não obtive sucesso. Por acaso mudei de uma casa grande para um apartamento pequeno e fui obrigado a me desfazer da criação que tanto gostava. Só que hoje entendo mais sobre o canto que eu achava já conhecer tudo.

Quando comecei a explorar melhor o canto metálico eu tentava, num ambiente separado, fazer 3, 4 filhotes de uma vez só no CD. Quais eram minhas chances? Menos de 10 % com certeza, porque enquanto o canto de cada um ia se definindo, os erros se destacavam sobre o metálico do CD e todos passavam a errar cada vez mais. Demorou para eu me tocar que enquanto eu não tentasse fazer um só pássaro, cada vez mais eu ia demorar para fazer um metálico. Quem sempre me disse isso foi o Dr. Edison Castro. Ainda por cima, havia mais um agravante para atrapalhar quando eu morava na casa. Algumas espécies como Curruíra, Bentivi, Sanhaço, entre outros, paravam em cima do telhado ou da antena e ficavam ali cantando o dia inteiro. O que fez com que a maioria dos meus filhotes pegassem parte do canto de cada um deles (Já em um apartamento esse problema diminui muito se você está em um andar alto). Então eu desanimava. Só que depois fui descobrir que um deles havia se tornado um pássaro pelo menos 90% metálico na mão do Cláudio J. Medeiros. O nome do pássaro é Pudim. Ele quase parou totalmente com o canto das outras espécies, e quando ele dá o metálico, não mistura outro canto. Só quando ele canta o roda d’água. Isso quer dizer que embora o filhote aprenda o canto de outros pássaros não quer dizer que venha a manter esse canto ao longo de sua vida. A tendência é de cantar o canto de sua própria espécie, desde que ele ouça esse canto mais que o outro.

Com certeza você já acordou de manhã e se pegou cantando aquela música, do arco da velha, e o dia inteiro se foi e ela não saiu da sua cabeça? È que ela deve ter tocado tanto na época que anos se passaram e de repente, do nada, você começa a cantar ela inteirinha. Pegue isso como exemplo para pensar que a mesma coisa possa acontecer com um pássaro. Então, é importante desde o mais cedo possível “martelar” a cabeça do pintassilgo com o canto metálico. Com certeza ele vai gravar a corrida na cabeça. Agora, se ele vai ter boa voz, ou se vai acertar mais do que errar são outros quinhentos.

Para manter o canto de um pintassilgo já encaminhado com uma boa corrida metálica, alguns detalhes tem que ser observados. Nada melhor do que um exemplo para explicar.

Hoje estou com um baianinho metálico (adquiri o pássaro já metálico, com um ano de vida, mas com uma corrida curta e as vezes finalizando com uma nota errada), e antes de o trazer para o apartamento onde moro eu estava com um pintassilgo goiano (aquele pássaro que mencionei na edição passada), que eu havia trazido com 70 dias de vida. Quando o baiano chegou, o goiano já tinha um ano de vida. Dava metálico mas continuava o canto com o gorjeio continuo do roda d’água. Ele ficou mais uns três meses com o baiano que começou a piorar os erros no fim de sua corrida. Quando percebi o que estava acontecendo, corri e tirei o goiano de casa. Em dois meses o baiano parou de errar completamente.

O que aconteceu?

Como havia outro pássaro em casa cantando muito, o baiano nunca prestou muita atenção para o CD. Percebi que quando o goiano saiu, ele passou a responder para o CD assim que eu ligava o aparelho de som. O que não acontecia antes. Hoje ele não só melhorou como alongou sua corrida de uma média de 7 notas para 10, porque o CD tem a corrida mais longa e ele adotou seu padrão. È tudo estatística. Se você quer aumentar as chances de seu pintassilgo acertar a corrida você tem que ajuda-lo também.

Temos que prestar atenção para como manejamos nossos pássaros. Cada criador tem sua maneira. Uns gostam e sabem fazer o manejo utilizando caixas acústicas. Outros não. Uns utilizam fêmeas. Outros não. Eu particularmente não gosto de deixar o pássaro em um lugar só, porque nesse lugar ele pode estar ouvindo algo que não ouvimos, e quando percebemos que ele esta errando, fazemos a pergunta; “Da onde ele tirou essa nota?”. Tirou não!! Nós que temos o habito de deixar a gaiola no mesmo lugar o tempo todo e não prestar atenção se ele pode estar ouvindo algo estranho. Para evitar isso, não deixo ele sempre no mesmo prego. Fico variando o lugar onde passa o dia e a noite. Também, todo dia de manhã tiro a gaiola do seu prego e coloco em diferentes lugares do apartamento enquanto me arrumo para ir ao trabalho (sempre ouvindo o CD). Só pelo fato de mexer com ele dentro do apartamento, quando o levo para algum lugar percebo que não estranha tanto. Consequentemente ele fica menos estressado. O que é bom para sua saúde e apresentação em um torneio por exemplo.

Como amante do pintassilgo e do canto metálico eu ainda não sosseguei quanto a aprimorar meu conhecimento sobre o canto. Atualmente estou fazendo um teste onde gravei o canto do meu pássaro em casa mesmo, com uma máquina fotográfica que também grava vídeos, que por minha sorte possui um excelente áudio. Fiz algumas gravações depois selecionei as que julguei melhores, e fiz um CD com 11 faixas e de aproximadamente 30 minutos. Como já estou com outro filhote de baiano em casa, que adquiri a mais de dois meses no criatório comercial “Mundo dos Pássaros” do Dr. Edison A. de Castro, de vez em quando coloco esse CD para ele ouvir e é impressionante como ele responde automaticamente. Por ser um CD ao vivo e como cada faixa é diferente da outra, o filhote fica interessadíssimo conforme o CD toca, e responde a cada chamado, a cada corrida.

Para finalizar acho que o segredo começa em não termos pressa e tentarmos fazer um só pássaro de cada vez. Com mais ou menos um ano de idade já dá para saber se a corrida dele está boa. E até uns 2 a 3 anos de idade, quando já vira um pássaro formado quanto ao seu canto, temos que continuar a fazer ele ouvir metálico mais do que qualquer outra coisa. Depois disso com o pássaro já formado, colocarmos um, não dois ou três, filhote para ouvir seu mestre. Suas chances de fazer outro metálico vão estar bem maiores. E depois com dois metálicos em casa, está aberta sua “fábrica” de metálicos, porque estatisticamente falando suas chances vão sendo aumentadas.

Colaboradores:
Cláudio José Medeiros
Edison Amorin de Castro
Mario Menegatti Júnior

segunda-feira, 26 de julho de 2010

VAI UM METÁLICO AÍ? PRIMEIRA PARTE

Por: João Paulo Zaccariotto Ferreira

Estamos em 2010 e graças ao esforço e boa vontade de algumas pessoas, estaremos escrevendo matérias em todas as edições da revista PASSARINHEIROS & cia neste ano. Finalmente teremos um espaço de grande importância onde poderemos divulgar notícias, novidades e principalmente falar sobre o mais almejado canto do pintassilgo, o METÁLICO CLÁSSICO.

Em meados de 1999, animado com algumas palestras que os Veterinários e também criadores, Edison Amorim de Castro e Luis Alberto Shimaoka, vinham ministrando, o Professor Manuel Carlos C. Pereira, também criador, formou uma comissão juntamente com o Dr. Edison e membros dos clubes SOB e SERCA, criaram um regulamento e realizaram o primeiro torneio de canto de pintassilgo. Torneio que mais tarde ganhou o nome de “PINTASSILGO DE OURO”, criado pelo Sr. Wilson Rodrigues e pelo Sr. Edilson Guarnieri, diretor editor da revista “Passarinheiros & cia”, e apoiado pelo presidente do SERCA na época Sr. Aroldo Bitencourt. Desde então todos os anos foram realizados torneios através dos clubes e da Federação. Muitos colaboraram de alguma forma com a organização, e fizeram com que nós chegássemos onde estamos hoje. Com isso, adquirimos mais experiência, um regulamento mais elaborado, e o respeito por parte de criadores de outras espécies e dos clubes.

Hoje em dia temos um maior número de criadores de pintassilgo e já é mais fácil obter exemplares de criadouros, sejam comerciais ou amadores. Tais criadouros já estão em sua maioria com equipamentos de som tocando o canto Metálico Clássico para seus filhotes. Sem contar com os que possuem bons mestres para o ensinamento. O que aumenta ainda mais as chances de fazer um filhote. Não só através do canto como da genética. Filho de metálico tem uma maior chance de se tornar metálico. Embora ainda haja dificuldades no aprimoramento do canto, esses criadores têm obtido resultados favoráveis na reprodução. E através de matrizes mais selecionadas, os filhotes têm apresentado notas metálicas com boas melodias e sons bem agudos.

Mas como é possível fazer um pintassilgo metálico?

Existem alguns fatores que fazem com que seu pássaro chegue na estaca durante um torneio e cante metálico. E é através dessas matérias que vamos procurar passar a você leitor quais são os passos para alcançar esse objetivo.

Na edição numero 56, foi divulgado o atual regulamento oficial de todas as categorias de canto de pintassilgo. Nessa edição vamos começar a acrescentar mais detalhes sobre o canto metálico. Nossa intenção é abordar diferentes assuntos e dividir experiências próprias a respeito desse canto que tanto nos atrai.

E porque não começarmos pelo ovo?

Alguns dizem que o filhote já começa a aprender o canto do ovo. Até onde eu conheço não há um estudo cientifico que comprove isso. Se houver, por favor me informem. Mesmo assim acho que os primeiros dias de vida tem importante influência no canto da ave durante sua vida adulta.

Gostaria de citar palavras do professor de bioacústica do Instituto de Zootecnia da Unicamp SP Sr. Jacques Vielliard, que estão na edição numero 18 da revista Passarinheiros & cia. Quando perguntado quais seriam os períodos críticos de aprendizagem ele respondeu: “ Existem 3 períodos, são eles: Período de memorização – A fase em que o filhote forma a melodia na cabeça, é um período curto, normalmente no primeiro mês de vida. Dura até os 40 dias de vida do filhote. É justamente esse período que deve ser atentado pelos criadores...” “...para que suas aves não aprendam coisas erradas. Nessas condições, o filhote vai ser receptivo quando o pai e os vizinhos ainda cantam.
Período refratário – É o período que a ave para de memorizar os cantos, pois na natureza, elas não cantam, pela troca de penas, a própria migração, enfim o baixo período de reprodução. Daí ele fecha as porteiras para não pegar influências ruins.
Período de cristalização – e aquele no qual ele memoriza e vai praticar o que memorizou, vai fazer o controle motor, vai controlar a produção do som e ajustar tudo que está ouvindo. Nessa época, ele pode mudar um pouco o dialeto.”

Citei essas palavras do professor porque penso ter relevância devido a experiência própria. Acredito que se conseguirmos ter somente uma fêmea em casa criando seus filhotes sobre livre e espontânea pressão do CD, teremos mais chances de fazer um metálico. Uma vez trouxe para casa um filhote com aproximadamente 70 dias. E ao longo da minha caminhada tentando fazer pássaros metálicos adquiri um equipamento de som que já fez dois filhotes que haviam sido retirados de seus criatórios com + ou – 50 dias. Só no CD, sem mestre. Um deles se chama Palito que hoje é propriedade do criador amador Cláudio José Medeiros, que foi quem após 1 ano comigo, levou o pássaro para sua casa cantando metálico mas também errando consideravelmente e conseguiu fazer com que o pássaro firmasse seu canto metálico só no CD. Enfim, meu filhote de 70 dias ficou em casa sozinho durante mais de 1 ano. Ouvindo diariamente o mesmo equipamento no qual os outros dois haviam aprendido, ele também aprendeu a cantar metálico só que com um problema. Por sua influência musical ser basicamente Roda D´agua Clássico (aquele gorjeio continuo cantado por todos os pintassilgos), ele inicia seu canto com corrida metálica, mas é só para começar seu gorjeio longo. Com isso quero dizer que, com certeza, as características de canto que ele aprendeu no criatório onde nasceu, vai carregar durante toda sua vida. No caso dos outros dois filhotes acho que por algum motivo (proximidade de um macho que só dava corridas ou por durante seus primeiros dias de vida o macho dominante do criatório era um cantor de corridas, não necessariamente metálicas), eles criaram uma pré-disposição para corridas e vieram a se tornar metálicos. Há amigos meus que digam que isso não tem muito a ver. Que após começar a comer sozinho e ouvir de tudo que tem direito, filhotes são levados para outros lugares para ouvir metálico e se tornam metálicos. O que eu também não só acredito como já vi acontecer. Mas o fato é que as chances são aumentadas quando conseguimos fazer com que o filhote ouça metálico desde o ninho.

Então quer dizer que é possível fazer um pintassilgo metálico só com CD?

É sim! Existem alguns CDs e nem todos são apropriados. Já comprei um CD metálico onde também foi gravado “roda d’agua clássico” junto. Como não existe um estudo especifico a respeito, no começo tive problema também com o aparelho de som que tocava meu CD. Os aparelhos para canto de pássaros que estão no nosso mercado hoje não são apropriados. Foram elaborados para os cantos de pássaros de outras espécies. Notamos que quando os cds metálicos são tocados nesses aparelhos, há uma distorção nas caixas de som. Provavelmente porque os twiters instalados nesses aparelhos não suportam a freqüência do agudo da corrida metálica. Há também uma incompatibilidade do CD gravado para o aparelho. Dependendo de como o CD foi gravado, o aparelho em que vai ser tocado tem que suportar o tipo da gravação.

Como você sabe disso? Fazendo experiências. Temos que experimentar. Não quer dizer que seja difícil achar esta compatibilidade. Já vi e ouvi um pintassilgo baiano metálico formado por um CD, no meio de um criatório cheio de pintassilgos, onde havia um mini-system comum tocando um CD que eu desconhecia.

Na próxima matéria falaremos sobre problemas e soluções para firmar um filhote até aproximadamente seus 2 a 3 anos de idade, onde se torna um pássaro formado com relação a seu canto.


Colaboradores:
Cláudio José Medeiros
Edison Amorin de Castro
Mario Menegatti Júnior