segunda-feira, 6 de setembro de 2010

VAI UM METÁLICO AÍ? Parte 2

Por: João Paulo Zaccariotto Ferreira

É com grande satisfação que voltamos a escrever sobre o canto metálico, e espero que essa matéria possa esclarecer mais algumas dúvidas de quem aprecia e de quem não conhece esse canto.

No final da matéria anterior prometi relatar problemas e soluções para firmar um filhote até seus 2 a 3 anos de idade onde ele se torna maduro quanto ao seu canto. Pois vamos trabalhar em cima desse assunto.

Uma coisa que aprendi com o tempo é que se você quer fazer e manter um pintassilgo metálico, não queira também ter uma criação relativamente grande de pintassilgos. Temos que ser específicos. Ou criação, ou metálico. Um bom metálico, já formado, também perde o canto se conviver com fêmeas, machos e filhotes em um mesmo ambiente. E manter um pintassilgo metálico requer tempo. Tempo para ouvir seu pássaro para ver se está mudando algo em seu canto. Tempo para pesquisar e trocar idéias com pessoas interessadas no assunto. Tempo para testar CDs diferentes e como seu pássaro reage para cada um. Enfim, fazer de tudo que for possível para adquirir mais informações para cada vez mais melhorar o canto de seu pássaro.

No inicio, eu sempre criei filhotes. Depois quis tentar fazer um metálico junto com a criação. É claro que não obtive sucesso. Por acaso mudei de uma casa grande para um apartamento pequeno e fui obrigado a me desfazer da criação que tanto gostava. Só que hoje entendo mais sobre o canto que eu achava já conhecer tudo.

Quando comecei a explorar melhor o canto metálico eu tentava, num ambiente separado, fazer 3, 4 filhotes de uma vez só no CD. Quais eram minhas chances? Menos de 10 % com certeza, porque enquanto o canto de cada um ia se definindo, os erros se destacavam sobre o metálico do CD e todos passavam a errar cada vez mais. Demorou para eu me tocar que enquanto eu não tentasse fazer um só pássaro, cada vez mais eu ia demorar para fazer um metálico. Quem sempre me disse isso foi o Dr. Edison Castro. Ainda por cima, havia mais um agravante para atrapalhar quando eu morava na casa. Algumas espécies como Curruíra, Bentivi, Sanhaço, entre outros, paravam em cima do telhado ou da antena e ficavam ali cantando o dia inteiro. O que fez com que a maioria dos meus filhotes pegassem parte do canto de cada um deles (Já em um apartamento esse problema diminui muito se você está em um andar alto). Então eu desanimava. Só que depois fui descobrir que um deles havia se tornado um pássaro pelo menos 90% metálico na mão do Cláudio J. Medeiros. O nome do pássaro é Pudim. Ele quase parou totalmente com o canto das outras espécies, e quando ele dá o metálico, não mistura outro canto. Só quando ele canta o roda d’água. Isso quer dizer que embora o filhote aprenda o canto de outros pássaros não quer dizer que venha a manter esse canto ao longo de sua vida. A tendência é de cantar o canto de sua própria espécie, desde que ele ouça esse canto mais que o outro.

Com certeza você já acordou de manhã e se pegou cantando aquela música, do arco da velha, e o dia inteiro se foi e ela não saiu da sua cabeça? È que ela deve ter tocado tanto na época que anos se passaram e de repente, do nada, você começa a cantar ela inteirinha. Pegue isso como exemplo para pensar que a mesma coisa possa acontecer com um pássaro. Então, é importante desde o mais cedo possível “martelar” a cabeça do pintassilgo com o canto metálico. Com certeza ele vai gravar a corrida na cabeça. Agora, se ele vai ter boa voz, ou se vai acertar mais do que errar são outros quinhentos.

Para manter o canto de um pintassilgo já encaminhado com uma boa corrida metálica, alguns detalhes tem que ser observados. Nada melhor do que um exemplo para explicar.

Hoje estou com um baianinho metálico (adquiri o pássaro já metálico, com um ano de vida, mas com uma corrida curta e as vezes finalizando com uma nota errada), e antes de o trazer para o apartamento onde moro eu estava com um pintassilgo goiano (aquele pássaro que mencionei na edição passada), que eu havia trazido com 70 dias de vida. Quando o baiano chegou, o goiano já tinha um ano de vida. Dava metálico mas continuava o canto com o gorjeio continuo do roda d’água. Ele ficou mais uns três meses com o baiano que começou a piorar os erros no fim de sua corrida. Quando percebi o que estava acontecendo, corri e tirei o goiano de casa. Em dois meses o baiano parou de errar completamente.

O que aconteceu?

Como havia outro pássaro em casa cantando muito, o baiano nunca prestou muita atenção para o CD. Percebi que quando o goiano saiu, ele passou a responder para o CD assim que eu ligava o aparelho de som. O que não acontecia antes. Hoje ele não só melhorou como alongou sua corrida de uma média de 7 notas para 10, porque o CD tem a corrida mais longa e ele adotou seu padrão. È tudo estatística. Se você quer aumentar as chances de seu pintassilgo acertar a corrida você tem que ajuda-lo também.

Temos que prestar atenção para como manejamos nossos pássaros. Cada criador tem sua maneira. Uns gostam e sabem fazer o manejo utilizando caixas acústicas. Outros não. Uns utilizam fêmeas. Outros não. Eu particularmente não gosto de deixar o pássaro em um lugar só, porque nesse lugar ele pode estar ouvindo algo que não ouvimos, e quando percebemos que ele esta errando, fazemos a pergunta; “Da onde ele tirou essa nota?”. Tirou não!! Nós que temos o habito de deixar a gaiola no mesmo lugar o tempo todo e não prestar atenção se ele pode estar ouvindo algo estranho. Para evitar isso, não deixo ele sempre no mesmo prego. Fico variando o lugar onde passa o dia e a noite. Também, todo dia de manhã tiro a gaiola do seu prego e coloco em diferentes lugares do apartamento enquanto me arrumo para ir ao trabalho (sempre ouvindo o CD). Só pelo fato de mexer com ele dentro do apartamento, quando o levo para algum lugar percebo que não estranha tanto. Consequentemente ele fica menos estressado. O que é bom para sua saúde e apresentação em um torneio por exemplo.

Como amante do pintassilgo e do canto metálico eu ainda não sosseguei quanto a aprimorar meu conhecimento sobre o canto. Atualmente estou fazendo um teste onde gravei o canto do meu pássaro em casa mesmo, com uma máquina fotográfica que também grava vídeos, que por minha sorte possui um excelente áudio. Fiz algumas gravações depois selecionei as que julguei melhores, e fiz um CD com 11 faixas e de aproximadamente 30 minutos. Como já estou com outro filhote de baiano em casa, que adquiri a mais de dois meses no criatório comercial “Mundo dos Pássaros” do Dr. Edison A. de Castro, de vez em quando coloco esse CD para ele ouvir e é impressionante como ele responde automaticamente. Por ser um CD ao vivo e como cada faixa é diferente da outra, o filhote fica interessadíssimo conforme o CD toca, e responde a cada chamado, a cada corrida.

Para finalizar acho que o segredo começa em não termos pressa e tentarmos fazer um só pássaro de cada vez. Com mais ou menos um ano de idade já dá para saber se a corrida dele está boa. E até uns 2 a 3 anos de idade, quando já vira um pássaro formado quanto ao seu canto, temos que continuar a fazer ele ouvir metálico mais do que qualquer outra coisa. Depois disso com o pássaro já formado, colocarmos um, não dois ou três, filhote para ouvir seu mestre. Suas chances de fazer outro metálico vão estar bem maiores. E depois com dois metálicos em casa, está aberta sua “fábrica” de metálicos, porque estatisticamente falando suas chances vão sendo aumentadas.

Colaboradores:
Cláudio José Medeiros
Edison Amorin de Castro
Mario Menegatti Júnior